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Ao avaliarmos geograficamente a média da taxa de abstenção,

tanto em relação às eleições legislativas nacionais como em relação

às eleições autárquicas, ao longo dos vários ciclos eleitorais, o

resultado também não é animador para o desempenho da

democracia local (ver Figura 1.4). De facto, 230 municípios

apresentam uma taxa média de abstenção entre 1976 e 2013 acima

dos 30% para as eleições autárquicas, ao passo que, para a

Assembleia da República, taxas de abstenção acima dessa média

registam-se em apenas 149 municípios.

As médias mais elevadas da taxa de abstenção nas eleições

autárquicas concentram-se, sobretudo, no Norte de Portugal. O

mesmo ocorre quando se selecionam os dez municípios com as

maiores diferenças entre as médias das taxas de abstenção nas

eleições autárquicas e nas eleições para a Assembleia da República.

Sete desses municípios encontram-se localizados no Norte do país:

Vila Pouca de Aguiar, Viseu, Vila Nova de Gaia, Vila Nova de

Famalicão, Vila Nova de Foz Coa, Valença e Tondela. Trata-se de

municípios caracterizados por baixos níveis de alternância, cujos

autarcas se mantiveram em funções durante vários ciclos eleitorais

e com um eleitorado tradicionalmente mais à direita.

A bibliografia sobre comportamento eleitoral tende a associar

os níveis de participação eleitoral a um conjunto de fatores

individuais (nível micro) e contextuais (nível macro) (Norris, 2004;

Franklin, 2002; Blais e Dobrzynska, 1998). Entre os vários fatores

que podem influenciar a participação eleitoral, destacam-se as

condições socioeconómicas e os níveis de escolarização dos

indivíduos. Ao analisarmos a relação entre a taxa de abstenção nas

eleições autárquicas e as variáveis agregadas da educação e do

rendimento médio mensal para os anos de 2001, 2009 e 2013,

verificamos, ao contrário do que os estudos neste domínio tendem

a concluir, que a participação eleitoral aumenta nos municípios que

possuem uma população mais envelhecida, com menor taxa de

escolarização e rendimentos mais baixos. São, sobretudo, os

municípios do Interior, onde a importância do poder local na vida

das pessoas é porventura mais visível, seja em termos de emprego,

seja em termos de equipamentos e serviços que presta ao cidadão,

onde a participação eleitoral é mais valorizada.

Figura

1.5

Os dez municípios com as maiores

diferenças entre a média da taxa de abstenção nas

eleições autárquicas e a média da taxa de abstenção

nas eleições para a Assembleia da República (%)

Fonte:

elaboração dos autores a partir de dados do SGMAI, PORDATA.

A tendência observada é a

de que a participação eleitoral

diminui nos municípios com

maior escolaridade e rendimento

médio mensal.

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