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Não obstante este crescimento de candidaturas

independentes ao longo dos vários ciclos eleitorais, a taxa global

de sucesso, isto é, a diferença entre o número de autarcas eleitos

pelos principais partidos e pelos GCE, é significativa (Figura 1.11).

A desproporção do sistema eleitoral autárquico ajuda à

concentração de votos nas principais formações partidárias e à

penalização das pequenas (e novas) formações, em particular os

GCE. Não obstante os ganhos de governabilidade que daí possam

derivar, um sistema eleitoral que favorece sistematicamente os

dois maiores partidos em detrimento dos demais acaba por gerar

um saldo negativo em termos de qualidade da democracia, quer

no que diz respeito ao pluralismo da oferta, quer em termos de

renovação das elites e de alternância de projetos políticos no

poder (Freire e Lisi, 2015).

Nas últimas autárquicas, realizadas em 2013, os GCE

conseguiram obter 13 presidências de câmara. No total,

obtiveram 6,89% dos votos, o que resultou na atribuição de 112

mandatos autárquicos, passando a constituir-se como a quarta

força política, atrás do PS, PSD e PCP-PEV, mas à frente do

CDS-PP e do BE.

A análise de dados dos últimos atos eleitorais autárquicos

sugere que os municípios e freguesias com um maior número de

listas independentes candidatas apresentam maiores taxas de

afluência às urnas. Embora o impacto positivo da existência de

listas de GCE nas taxas de participação eleitoral já tenha sido

testado num estudo anterior às eleições autárquicas de 2013

(Freire, Martins e Meirinho, 2012), uma correlação simples entre

a taxa de abstenção e o número total de candidaturas

independentes nos municípios demonstra que essa relação nem

sempre é proporcional e estatisticamente significativa.

Porque a formalização de uma candidatura de GCE requer

algum conhecimento da legislação e dos procedimentos em vigor

e algum financiamento próprio necessário ao arranque e

mobilização do projeto político, procurámos averiguar qual a

relação entre o volume de candidaturas independentes registadas

e os níveis agregados de educação e de rendimento médio mensal

desse município. Não observamos um padrão uniforme. Porém,

os dados sugerem,

ceteris paribus

, que os municípios com maiores

taxas de escolarização e rendimento médio mensal apresentam

um crescimento no número de candidaturas de GCE.

Figura

1.11

Evolução do número de autarcas

eleitos por partido político, coligação e candidatura

independente (2001-2013)

Fonte:

elaboração dos autores a partir de dados da CNE.

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